The Announcement and planning of the WSF Event in Mexico 2021

 
 
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chico oded T 2.1
by Vera Vratuša - Thursday, 2 June 2022, 7:25 AM
 

 Este texto se puede contextualizar a la luz de la notas de video  reunion 7 y 8 de mayo  ( notas CI extension)      @26 a @70  y @148 

Prezados companheiros e companheiras,

Participando virtualmente da reunião do ConselhoInternacional do Fórum Social Mundial do dia de ontem, 7 de maio de 2022, realizada na cidade do Mexico, depois que terminou o Fórum Social Mundial deste ano - cuja realização, bem sucedida, foi possível graças a um enorme esforço feito pelos companheiros e companheiras mexicanos - constatamos que os membros do Conselho, presentes nessa reunião, decidiram que essa instância do processo do Fórum Social Mundial faria uma declaração contra a Guerra e pela Paz no mundo.

Nenhum de nós se oporia a uma declaração desse tipo, em tempos tão sombrios como o que vivemos hoje, em que paira no horizonte até a ameaça do uso suicida de armas nucleares, que arrasaria as condições de vida no planeta. Ainda mais se uma tal Declaração incluísse nossa repulsa a todas as guerras que ocorrem hoje no mundo e não somente à guerra da Ucrânia.

Mas é chocante que tal decisão – de apresentá-la como uma declaração do CI - tenha sido tomada de forma totalmente antidemocrática: o microfone foi tomado por uma pessoa que participava presencialmente da reunião e declarou, após rápida consulta aos presentes, que a maioria considerava que o Conselho Internacional deveria fazer essa Declaração (sem nem se dar ao trabalho de uma contagem dos números), e que se poderia passar rapidamente ao ponto seguinte da pauta.

É mais ainda chocante o fato de que os presentes na reunião estavam extremamente divididos quanto à possibilidade de se abandonar um procedimento já consolidado nos 20 anos de existência do FSM. Segundo esse procedimento, quem deve se exprimir e agir são os movimentos e organizações que atendem ao chamado para encontrar-se no Fórum, e não o próprio FSM-espaço (assim transformado em entidade ou movimento), nem qualquer de suas instancias. Seu caráter é fundamentalmente facilitador e não dirigente, para que se respeite a autonomia e a diversidade dos que dele participam nem se pretenda substitui-los em sua ação.

Em outras palavras, havia uma grande divisão no plenário sobre uma Declaração desse tipo ser, como sempre, assinada pelas organizações e movimentos participantes dos Fóruns e não por alguma de suas instancias facilitadoras, como o é o Conselho Internacional. E não tinha nenhum sentido encerrar daquela forma a discussão – com o agravante de que foi cortada a palavra dos membros do Conselho que participavam virtualmente da reunião. Como se fossem puros observadores.

É para nós preocupante que tais procedimentos possam ocorrer dentro do FSM, que tem entre seus objetivos a construção de uma nova cultura política, mais horizontal na distribuição do poder, não autoritária nem conduzida segundo as práticas tradicionais na atividade política dos que dominam.

Nessa perspectiva, observamos também que aqueles que usaram, no caso, os métodos da cultura política que temos que ultrapassar (para que seja efetivamente construído o outro mundo possível), se autointitulam renovadores, quando de fato o que são é conservadores, porque querem permanecer na política tradicional de comando por um grupo restrito que conserva todo o poder e representa a todos e todas, em vez de aceitar uma cultura política de facilitação e não de comando, para que as próprias organizações e movimentos cresçam.

Com o procedimento adotado foi também totalmente desrespeitada a Carta de Princípios do FSM, em pelo menos dois desses princípios: o da decisão por consenso, para evitar manipulações e autoritarismos, e o de desautorizar qualquer pessoa ou instancia organizativa a falar em nome das organizações e movimentos. Teriam os que agiram como agiram nesta reunião do Conselho a intenção de aproveitar-se do que consideram uma brecha – se não houvesse nenhuma reação – para prosseguir em seu trabalho, como conservadores, de destruição do estante da Carta?

Tais procedimentos nos fazem pensar no que ocorre hoje no Brasil, em torno da Constituição, que é uma espécie de Carta de Princípios nacional: grupos autoritários, com interesses diferentes dos anseios nacionais, procuram destruir um a um os avanços civilzatorios que conseguimos introduzir na Constituição em que se consolidou o fim do regime militar.

Quanto à nossa Carta de Princípios, assim como em Constituições nacionais, ninguém em sensato juízo pode se negar a revisá-las, como se fossem o comando de algum Deus. Elaboradas sempre dentro de circunstâncias históricas, podem e devem ser modificadas no que couberem em novos tempos. Mas isto deve ser feito segundo regras democráticas e de respeito mútuo, e não por “tomadas do poder”, nem por meio dos pequenos ou grandes golpes típicos da velha política, ou pela criação de “fatos consumados” concebidos na surpresa e na esperteza.

Encaminhamos estas reflexões aos demais membros do Conselho Internacional, como uma denúncia do que ocorreu no dia de ontem. Esperamos ser ouvidos.

Com o abraço do Oded Grajew e do Chico Whitaker (08/05/2022)

http://openfsm.net/projects/wsfic_fsmci/mexico22-input2.1